Abram alas para as compositoras brasileiras

Quem nunca cantou em algum Carnaval o refrão “Ó abre alas / Que eu quero passar”? O que talvez muita gente não saiba é que a popular marchinha “Ó Abre Alas!” foi escrita em 1899 por Chiquinha Gonzaga (1847 – 1935), uma pioneira na luta pela presença das mulheres na música e na sociedade no país. A musicista carioca foi a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil e também a primeira pianista chorona (instrumentista de choro). Nada mais justo portanto que a data do nascimento da pianista, compositora e maestrina, 17 de outubro, tenha sido escolhida para celebrar o Dia da Música Popular Brasileira.

A mestiça Chiquinha Gonzaga enfrentou os preconceitos da sociedade patriarcal e escravista de sua época para se firmar no mundo da música, abrindo alas para todas e todos. No entanto, ainda hoje o reconhecimento da importância das mulheres na MPB – especialmente musicistas e compositoras – está muito aquém do merecido. É por isso que, no Dia da Música Popular Brasileira, o Renner Cultural – movimento que reúne todos os projetos apoiados pela marca com o objetivo de contribuir com a democratização da cultura – quer homenagear também todas as mulheres que fazem a grandeza da MPB.

Confira aqui algumas das grandes compositoras brasileiras do passado e do presente.

Dolores Duran (1930 – 1959) – Sem nunca ter estudado línguas, a intérprete carioca aprendeu sozinha a cantar em inglês, francês, italiano, espanhol e até em esperanto. Durante uma passagem pelo Rio nos anos 1950, a cantora norte-americana Ella Fitzgerald entusiasmou-se com a interpretação de Dolores para “My Funny Valentine” – a melhor que já ouvira, segundo a diva do jazz. Dolores é compositora de canções inesquecíveis como “Estrada do Sol”, “Minha Toada”, “A Noite do Meu Bem” e “Por Causa de Você” – cuja letra escreveu em três minutos com um lápis de sobrancelha a partir de uma melodia de Tom Jobim.

Maysa (1936 – 1977) – Apesar da carreira muito curta – a cantora e compositora morreu tragicamente aos 40 anos em um acidente de carro –, a artista teve uma trajetória de sucesso marcante na música brasileira. Destacando-se primeiramente no cenário do samba-canção e depois na bossa nova, Maysa é autora de canções antológicas da chamada “dor de cotovelo”, como “Ouça”, “O quê” e “Meu Mundo Caiu”.

Dona Ivone Lara (1922 – 2018) – Nome de referência do samba, a artista já compunha para artistas famosos na cena musical do Rio de Janeiro desde os anos 1940. Suas letras, porém, eram creditadas nos primeiros tempos ao primo Mestre Fuleiro porque os sambistas da época se recusavam a interpretar canções escritas por uma mulher. A compositora é autora de clássicos do samba como “Alguém me Avisou” e “Sonho Meu”.

Rita Lee – A “Rainha do Rock Brasileiro” despontou primeiramente como integrante da banda Os Mutantes, iniciando em 1975 uma carreira solo de êxito que segue até hoje. A cantora e compositora paulistana coleciona uma lista gigantesca de sucessos, que inclui canções como “Ovelha Negra”, “Agora Só Falta Você”, “Lança Perfume”, “Mania de Você”, “Menino Bonito”, “Baila Comigo”, “Erva Venenosa”, “Flagra”, “Doce Vampiro” e “Saúde” – lançada em 1981 e relembrada agora em tempos de pandemia.

Marina Lima – Iniciou a carreira em 1977, quando teve a canção “Meu Doce Amor” gravada por Gal Costa. Um dos maiores nomes da música pop brasileira, a cantora e compositora é autora de hits ao lado do irmão Antonio Cicero como “Fullgás”, “Charme do Mundo”, “Acontecimentos”, “Pra Começar” e “Virgem”. O processo de criação da arista foi registrado no documentário “Uma Menina Chamada Marina”, de 2019.

Marisa Monte – A cantora e compositora já vendeu mais de 10 milhões de discos e coleciona dezenas de prêmios, incluindo quatro Grammy Latino. Ao lado de músicos como Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown – seus parceiros no grupo Tribalistas – e Nando Reis, Marisa assina sucessos como “Beija Eu”, “Eu Sei (Na Mira)”, “Velha Infância”, “Já Sei Namorar” e “Amor I Love You”.

Adriana Calcanhotto – Além da carreira musical, a cantora, compositora e produtora é reconhecida também como editora literária, ilustradora e professora da Universidade de Coimbra, em Portugal. Com o nome de Adriana Partimpim, a gaúcha radicada no Rio lançou discos voltados para o público infantil. Em mais de três décadas de carreira, a intérprete emplacou nas paradas músicas como “Mentiras”, “Esquadros”, “Cariocas” e “Cantada (Depois de Ter Você)”.

Vanessa da Mata – Conhecida pela presença exuberante no palco, a cantora e compositora é um dos grandes nomes da MPB surgidos no começo dos anos 2000. A mato-grossense é a responsável por temas como “Não me Deixe Só”, “Ainda Bem”, “Ai, Ai, Ai”, “Boa Sorte/Good Luck”, “Amado” e “O Tal Casal”.

Céu – A versátil intérprete mistura em seu trabalho MPB, pop, samba, hip hop, jazz e afrobeat. Seu disco de estreia, lançado em 2005, foi indicado ao prêmio Grammy. Entre seus sucessos estão as músicas “Malemolência”, “Bubuia”, “Cangote” e “Perfume do Invisível”.

Letrux – Cantora, compositora, escritora e atriz, Letícia Novaes integrou o duo carioca Letuce ao lado do músico Lucas Vasconcellos. Com o nome artístico Letrux, a artista tem se destacado no cenário da nova música brasileira, reunindo em seu trabalho influências do rock, da eletrônica e de ritmos pop dançantes. Entre seus hits estão “Vai Render”, “Ninguém Perguntou por Você”, “Que Estrago” e “Eu Estou aos Prantos”.

Maíra Freitas – Artista com sólida formação erudita, a pianista vem de uma consagrada família musical: é filha do grande cantor e compositor Martinho da Vila e irmã da intérprete Mart’nália. Maíra também é cantora, compositora e arranjadora, trafegando entre a MPB, a música instrumental e o jazz em canções como “Nua”, “Cuidado Moça” e “Êta”.

E para comemorar em alto e bom som o Dia da Música Popular Brasileira, a Renner vai oferecer um presente especial pra você: o encontro musical de Maíra Freitas e Letrux. A live musical faz parte da programação Casa Virtual, projeto da Casa de Cultura Mario Quintana, instituição patrocinada pela Renner em Porto Alegre.

O bate-papo que celebra a presença das mulheres na nossa música vai rolar neste domingo, dia 17 de outubroa partir das 20h, lá no perfil da CCMQ no Instagram: @ccmarioquintana.

Não deixe de conferir também os conteúdos interativos no nosso instagram @lojasrenner e testar seus conhecimentos sobre a MPB.